• Os avanços no campo de alérgenos recombinantes conduziu ao desenvolvimento de um novo
conceito no diagnóstico da alergia ou diagnóstico molecular em alergia.
• Esse diagnóstico se baseia na utilização de alérgenos purificados:
naturais, quando são purificados por métodos bioquímicos e/ou imunoquímicos a partir de
sua fonte alergênica natural (ex. ácaros, fungos, animais, venenos de insetos, etc.)
ou recombinantes, quando são produzidos no laboratório por tecnologia de clonagem
molecular, utilizando-se sistemas de expressão recombinante como bactéria (ex. Escherichia
coli) ou levedura (ex. Pichia pastoris).
• O teste com componentes de alérgenos mede a sensibilização alérgica a moléculas encontradas
em alérgenos inteiros, permitindo uma compreensão mais profunda das causas, riscos e
gerenciamento dos sintomas.
Quais os benefícios do diagnóstico molecular nas alergias?
A capacidade de revelar alérgenos aos quais os pacientes estejam sensibilizados, incluindo
identificar se a sensibilização é genuína (primária, espécie-específica) ou se é devido à
reatividade cruzada para proteínas com estruturas semelhantes.
• Avaliar o risco de reação à exposição a diferentes fontes de alérgenos.
• Fornecer uma indicação quanto às chances de desenvolvimento de tolerância, ou se a alergia
será persistente.
• Apoiar a adaptação do tratamento de acordo com as particularidades de cada paciente,
abrindo a possibilidade de personalizar as ações a serem tomadas.
Entendendo os princípios do teste
1) Nomes dos componentes alergênicos, incluindo sua sigla:
• Se baseia nas três primeiras letras do gênero, a primeira letra da espécie, e um número
expressado em algarismo arábico, que em geral reflete a ordem em que o alérgeno foi
identificado.
• A notação inclui se é nativo (natural) ou recombinante.
Ex: Dermatophagoides pteronyssinus, nDer p1 ou rDer p2, onde, n = nativo e r = recombinante.
2) Propriedades dos componentes de alérgenos:
• Qualquer componente proteico pode ser uma fonte de alérgeno (componente alérgeno).
• Neste alergéno existem locais de ligação para o anticorpo correspondente, chamados epítopos.
• Do mesmo modo que existem epítopos espécie-específicos, também há reatividade cruzada com
anticorpos devido a semelhanças estruturais destas proteínas.
• Componentes alérgenos espécie-específicos são marcadores para sua fonte de alérgeno.
• Outros componentes alérgenos são classificados como marcadores para reatividade cruzada,
devido às suas estruturas e propriedades de ligação com IgE estarem presentes em fontes de
alergénos diferentes, por vezes, nem intimamente relacionados.
• A identificação de marcadores para reatividade cruzada dá informações sobre possíveis
sensibilizações para fontes diferentes.
3) A estabilidade da proteína ao calor e à digestão podem afetar a tolerância (especialmente a
alimentos) e a gravidade das reações clínicas.
• Alérgenos que são estáveis ao calor e digestão mais provavelmente podem causar uma reação
clínica grave,
• Alérgenos lábeis ao calor e à digestão são mais propensos a ser tolerados ou causar sintomas
mais leves/locais.
• Consequentemente, é importante conhecer a estrutura da proteína e a família de proteínas a
que o componente alérgeno pertence.
• Alguns alimentos alergênicos podem ser tolerados crus, outros precisam ser cozidos.
• Alguns alérgenos darão origem a reações clínicas que variam de leve, moderada a grave,
enquanto outros causarão sensibilização sem reação clínica.
Como fazer a escolha de quais IgE específicos solicitar?
A escolha de quais componentes alérgenos testar deve ser baseada na história clínica, exame físico,
resultados anteriores e outros fatores, como idade, geografia e exposição, entre outros.
• A lista para o diagnóstico de alergia por componentes de alérgenos é extensa e inclui animais,
alimentos, pólens, poeira doméstica, insetos, ácaros, fungos e outros microrganismos, alérgenos
ocupacionais, além de venenos e outros.
• O pedido médico deve conter um ou mais componentes de alérgenos indicado pelo clínico,
geralmente um alergologista.
• Os resultados dos exames de sangue IgE específicos devem ser interpretados em conjunto com a
história clínica e o exame físico do paciente.
• Os resultados do exame de sangue ImmunoCAP indicarão se o paciente está sensibilizado (ou
seja, tem anticorpos IgE) a alérgenos específicos. No entanto, a sensibilização a alérgenos
específicos nem sempre indica uma alergia clínica, pois a sensibilização nem sempre resulta em
sintomas. • Para a realização do exame, o pedido médico deve conter um ou mais componentes de
alérgenos indicado pelo clínico, geralmente um medico alergologista.
Referências:
1 J. Sastre. Molecular diagnosis in allergy. Clin Exp Allergy. 2010 Oct; 40(10): 1442. DOI: 10.1111/j.1365-2222.2010.03585.x
2 Arruda LK et al. Diagnóstico molecular de alergia. Braz J Allergy Immunol. – Vol. 1. N° 4, 2013. DOI: 10.5935/2318-5015.20130024
3 Diagnóstico molecular na alergia. Informativo digital Labcom nº 10. Outubro/2015.
4 O que é o teste de componentes alergênicos ImmunoCAP? Disponível em https://www.thermofisher.com/phadia/wo/en/our-solutions/immunocap-allergy-solutions/specific-ige-singleallergens/allergen-components.html